Porque escrevi este livro?
Um livro duplamente híbrido: primeiro porque resultou de várias conversas com o meu irmão - sem o qual o mesmo não teria sido possível -, e segundo porque foi escrito com recurso à inteligência artificial, que ganha um papel de destaque ao longo da obra.
Um autor escreve um livro, ou escreve-se num livro?
A diferença pode parecer irrisória, mas não é. Há um aparente paradoxo nos dias atuais, uma quase-urgência e caos que contrasta com a serenidade de sempre da natureza. O meu irmão teve a ideia do título e, na sua cabeça, 1985 teria sido o livro que quereria escrever. Porém, muitos dos temas que o assolavam tocavam-me também, e o seu ângulo foi talvez o pormenor que faltasse para eu ver que havia aqui um projeto válido e necessário. E assim principiou a missão de procurar reconciliar o que parecia irreconciliável: a confusão e a paz.
A diferença pode parecer irrisória, mas não é. Há um aparente paradoxo nos dias atuais, uma quase-urgência e caos que contrasta com a serenidade de sempre da natureza. O meu irmão teve a ideia do título e, na sua cabeça, 1985 teria sido o livro que quereria escrever. Porém, muitos dos temas que o assolavam tocavam-me também, e o seu ângulo foi talvez o pormenor que faltasse para eu ver que havia aqui um projeto válido e necessário. E assim principiou a missão de procurar reconciliar o que parecia irreconciliável: a confusão e a paz.
Para mim, a mensagem sempre foi o mais importante.
A discussão sobre a comunicação é antiga e complexa, escondida na aparente simplicidade de emissor-mensagem-receptor. Entrar mais a fundo neste tópico equivaleria a fazer uma escatologia das teorias da comunicação, e não é esse o fito deste texto. Digo apenas que a essa trindade teríamos de acrescentar o ruído, feedback, canal de transmissão e de que forma o mensageiro afeta e "contamina" a mensagem.
Este parágrafo serve, assim, de prelúdio ao meu porquê de utilizar a inteligência artificial como coautora do livro. Ou melhor: por que não? Da maneira que vejo, é obrigação do artista utilizar as ferramentas ao seu dispor para fazer a sua arte, e desprezar a inteligência artificial em nome de uma qualquer pureza imaginária seria privar-me dessa possibilidade.
A discussão sobre a comunicação é antiga e complexa, escondida na aparente simplicidade de emissor-mensagem-receptor. Entrar mais a fundo neste tópico equivaleria a fazer uma escatologia das teorias da comunicação, e não é esse o fito deste texto. Digo apenas que a essa trindade teríamos de acrescentar o ruído, feedback, canal de transmissão e de que forma o mensageiro afeta e "contamina" a mensagem.
Este parágrafo serve, assim, de prelúdio ao meu porquê de utilizar a inteligência artificial como coautora do livro. Ou melhor: por que não? Da maneira que vejo, é obrigação do artista utilizar as ferramentas ao seu dispor para fazer a sua arte, e desprezar a inteligência artificial em nome de uma qualquer pureza imaginária seria privar-me dessa possibilidade.
Escrever um romance nos quartéis do século XXI sem referenciar ou usar a IA seria como descrever um elefante sem falar da sua tromba. Dito isto, importa relevar que, fora da personagem habitada pela inteligência artificial, a sua influência no restante texto é diminuta mas não menos importante. Deu-me dicas valiosíssimas sobre como montar algumas partes, ajudou-me a melhorar a cadência e brindou-me com expressões incríveis, que incorporei no corpo da obra.
O facto de ser um projeto em conjunto com o meu irmão, de ser, sem dúvida nenhuma, o melhor livro que escrevi até aos dias de hoje, e o primeiro livro editado em Portugal referenciando explicitamente o recurso a inteligência artificial faz com que acredite muito na obra e no seu potencial para tocar corações. Falo de modo honesto e sem presunção do que nos atravessa a todos: confusão, medo, consciência, Deus, amor. Sempre o amor, não é?
A participação no podcast Despolariza, do meu amigo Tomás Magalhães, a ronda de apresentações pelo país que estou a preparar, a colaboração com uma empresa de publicidade e marketing, tudo isso me diz que estamos a levar este projeto com a seriedade que ele merece.
Mas sem nunca esquecer o sorriso.
Afinal, se o objetivo das coisas sérias não ser o de nos fazer sorrir, então qual a sua utilidade?
Mas sem nunca esquecer o sorriso.
Afinal, se o objetivo das coisas sérias não ser o de nos fazer sorrir, então qual a sua utilidade?
O meu editor Tiago Leal, da Ponto Parágrafo, disse que foi dos melhores livros de ficção que leu ultimamente e que eu sou um "dos mais promissores autores nacionais". Se ele soubesse que a mensagem presente no livro não é "minha", e que eu apenas a recebi em viagens astrais com a missão de ser o seu facilitador e transmissor, talvez mudasse de opinião. Mas esse é um segredo entre mim e si, ok?
Fábio Nobre
Fábio Nobre